sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

estadias diferentes



Chama-se miosite o que nos mantém aqui. É um exercício à paciência.

no caminho aqui, maravilhar-me sempre com os vestígios do que me espera lá.


 

candeeiro no céu


A lua é fascinante. Irradia luz que não é dela. Passei a infância e adolescência a ver o seu reflexo no rio Tejo. Numa noite de lua cheia, quando regressava de um dos treinos dos meninos, pensava em como devemos ser luz. Reflectir uma luz que não provém de nós mesmos, mas da Pessoa Cristo. Pois largados a nós mesmo, estaríamos às escuras, tal como a lua sem o sol. E pensar que o Criador fez as cada detalhe de forma tão abismalmente perfeita. Uma estrela que lança luz sobre um planeta para iluminar o planeta onde vivemos. Um acaso, é o mais certo, claro está.

coisas bonitas numa rua de lama


A caminho da escola passamos por uma zona que tem várias poças de água, que no inverno permanecem lá durante dias após ter chovido. Gostamos de saltá-las, especialmente à noite, o que é mesmo pôr um pé no escuro, pois é uma rua sem qualquer iluminação. De dia, gostamos de descobrir as figuras que formam. Quase sempre achamos um coração. Saltamos.

No amor não existe receio; antes, o perfeito amor lança fora todo medo.
1 João 4.18

o inverno nas árvores




das coisas especias que chegam cá a casa



tudo feito por estas mãos.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

andar de comboio é sempre um prazer

 
 
 

o filho aventureiro

 
Jojó, deitado ao meu lado, pela manhã.
"Estes dias têm sido incrivéis! Não achas, mamã?", pergunta com a voz mais doce do mundo.
"Então porquê?"...
"Num dia saltei o muro da nossa casa, noutro subi à árvore e ao telhado e ontem desci ao esgoto!"
Que dizer perante tanto entusiasmo?
"Têm mesmo sido dias incríveis, filho!"

 

A árvore a que subiu foi esta, onde também esteve no dia de aniversário, segundo ele, para pensar. Parece ter gostado da experiência, pois esta semana repetiu-a com prazer. E já que estava em cima da árvore...dali ao telhado era um pulinho. Qual o nosso espanto quando começamos a ouvir alguém a correr em cima das telhas. Depressa percebemos que não era o gato. O bom disto foi que recuperámos umas quantas bolas que lá estavam em cima e um chinelo do meu cunhado.
 

Noutro dia, admirada com o silêncio, saio para ver onde estavam. Nada. Vejo então, ao fim da rua, o Jojó e o Marcos a caminhar lado a lado. Tinham saltado o muro. O semblante deles foi se transformando à medida que se aproximavam da casa... e de mim. A primeira coisa que o Marcos disse, ainda antes de entrar pelo portão foi: "Fui fazer companhia ao mano, para ele não ir sozinho." O Jónatas não sabia muito bem se punha a mão no bolso  e escondia o que tinha se esticava e me mostrava. Estendeu-a. Eram flores.  "Fui ao parque apanhar flores para ti, mamã."
Quem é que aguenta?

 


A descida ao esgoto aconteceu na escola. Durante o intervalo um menino chutou a bola de um colega do Jojó para o chamado esgoto. O Jónatas, qual herói, lá foi tratar da situação. Pediu autorização à professora, foi falar com o professor do aluno que se tinha desfeito da bola e arranjou maneira de levar uma auxiliar com ele para vigiar a sua descida. Voltou à sala de aula com a bola na mão para entregar ao amigo. No dia seguinte, insistiu em mostrar-me como tinha feito. "Basta dizeres, não precisas exemplificar!"
É destemido, este gaiato. Não há joelho que recupere!

dos almoços simples.


Gosto muito de arroz, especialmente o basmati e o integral. Este é arroz agulha feito com coentros, cominhos e caril. Sobrou do jantar e aproveitei para o meu almoço do dia seguinte. [os miúdos ainda vieram petiscar ao meu prato.]
Refoguei em azeite alho francês, aipo, pimento vermelho, cebola e alho. Misturei o arroz e no final juntei 2 ovos e envolvi. No prato, coentros frescos da varanda do meu pai e folhas de espinafres temeradas com sal e regadas com um fio de azeite e vinagre balsâmico.

fotografia. coisa boa!


A mesa onde tanto acontece, jogos vários, pinturas, refeições, está agora cheia de fotografias. Ganhei coragem para começar a organizar parte delas e a esperança é que estando aqui, todas desarrumadinhas e em exposição, eu me apresse a faze-lo. São milhares delas e eu gosto de parar em cada uma e levar alguns segundos a saboreá-la. Chamar um filho ou o Tim para ver ou mesmo fotografá-la para enviar a algum amigo que nela apareça. Olhá-las é virar as costas ao tempo por alguns instantes. É sentir o coração aconchegado. É agradecer pessoas, momentos, experiências, etapas. Tanta vida para abraçar! Deus é bom.

um malmequer para quem quero bem.


Na semana passada encontrei o primeiro malmequer deste ano. Estou sempre em pulgas quando chega esta altura do ano para ver os malmequeres e as papoilas começarem a aparecer. Apanhei-o e levei-o ao filho que estava doente em casa. Por sinal, o filho que passa a vida a dar-me flores.

a árvore

 
Quando há dez anos mudámos de casa e de bairro, esta árvore foi a primeira coisa que despertou a minha atenção e me cativou. Há pouco tempo apararam-lhe os ramos que começavam a chegar ao chão. Colocaram à sua sombra um banco de madeira, que parece chamar-me todas as vezes que por ali passo. A sério.

 

time goes by...

 

Celebrar o aniversário da Nessa é quase como celebrar o meu. Tem sido assim desde que me lembro. Quando eramos miúdas as celebrações eram um bocadinho diferentes. Crescemos juntas, na mesma praceta, na casa uma da outra, na escola, em todo o lado. As brincadeiras, tolices, sonhos, medos, desilusões e alegrias da infância e adolescência foram vividas em conjunto. Sei que foi um presente de Deus ter a sua companhia constante, no meu dia a dia, enquanto crescíamos. Presente mais incrível é saber que, apesar dos anos passarem e já não morarmos lado a lado, continuamos perto. Ver a geração seguinte junta é um presente extra.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

... até este momento.

Porque às vezes esquecemos de agradecer a oportunidade de fazermos as coisas ordinárias do dia a dia. Ao chegar a casa, depois dos três rapazes estarem na escola, por vezes penso "Ainda nem são 9:30 e já fizemos tanta coisa!" Esta manhã pensava na bênção que tal verdade é. O podermos fazer tanto com o tempo que Deus nos dá. Até mesmo no simples, mas tão precioso fato de termos saúde para o fazermos. Decidi então escrever o que Deus já me permitiu fazer até este momento, em que são precisamente 9:51 e assim, agradecer.
 
* acordar às 6:30 abraçada ao marido. ouvir um pássaro lá fora.
* fazer o devocional on line e ler este blog, indicado por uma amiga. emocionar-me. entretanto, o marido trabalhava ao meu lado no pc dele.
* às 7:25 acordar e dar um beijo de bom dia ao filho mais velho.
* abrir portadas.
* preparar o lanche e almoço para ele levar para a escola. hoje é o único dia que não almoça em casa, pois tem aulas à tarde.
* dar o pequeno-almoço ao Samuel e ler com ele a Bíblia [estamos a ler o evangelho de Mateus pela manhã]. orar.
* Tim sai para o trabalho e deixa o Samuel na escola.
* preparar os lanches para o Jojó e Marcos levarem para a escola.
* arranjar-me.
* tirar a roupa da máquina e estender.
* abrir as restantes portadas da casa que ainda permaneciam fechadas.
* acordar Marcos. Jojó já tinha acordado e estava já enroladinho na nossa cama.
* dar pequeno-almoço aos dois mais novos, enquanto um cantava e outro insistia em brincar com um mini boneco que uma colega ontem lhe deu.
* fazer a mesma leitura em Mateus com os dois. orar. cantar "Nós damos graças ao Senhor".
* confirmar que ambos lavaram a cara e os dentes. vestir blusões, pôr gorros, golas e luvas. está frio.
*  levar os meninos para a escola a pé. saltar poças de água e rir.
* encontrar os colegas Kevin e Rúben e vê-los fazerem juntos uma corrida.
* ir comprar pão e conversar um bocadinho com a simpática senhora.
* voltar para casa a pé. cheirar os pinheiros.
* pôr uma máquina de roupa a lavar.
* dar comida ao Flippy.
* fazer café, torradas de pão alentejano e lista de afazeres para o resto do dia. 
 



Porque tudo o que fazemos, fazemos porque Ele o permite e nos dá força para. Queremos que seja para glória dEle.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

o barulho seguido do silêncio

Férias é sinónimo de casa cheia. Os dias no Carnaval voaram. Os amigos entraram e saíram. A casa esteve repleta de diferentes vozes e risos. Gosto disto. Muito. Mas também gosto do silêncio que se instala depois.
 



sair à noite

 
Nas férias de Carnaval estes três foram pela primeira vez ao cinema à noite. Sessão das 21h. Perdemos mesmo a cabeça, uma vez que essa, é a hora a que se deitam. O mais engraçado foi ver o esforço do mais pequeno para se manter desperto até o filme começar. Conseguiu e manteve-se acordado durante todo o filme, animado. O regresso a casa foi tranquilo, tranquilo.

[a foto está bera, mas é a única recordação da noite]

redondinhos


Sempre que o Tim vai a Madrid, em trabalho, traz uma caixa [ou duas] cheia de donuts coloridos, do Dunkin Donuts. Daqueles que fazem mesmo mal, mas que, comidos uma vez ao ano, sabem mesmo, mesmo bem. A primeira vez que os provei foi em 2002, nos Estados Unidos, quando o primo João apanhou uma caixa deles para o pequeno-almoço. Sim, foi mesmo para o pequeno-almoço, bem à polícia americano. E pronto. Foi paixão à primeira dentada. Agora, com o oceano que nos separa, o que nos safa são mesmo os espanhóis aqui ao lado e o marido que anda uns quilómetros a pensar na nossa gula. 


há coisas que se repetem

  Lembram-se de fazer isto em miúdos? Eu fazia e ria-me sozinha. Agora, rio com eles.


quando o dia se prepara para descansar


 

 
 


 
 
 


O entardecer deverá ser a minha hora preferida do dia. Se bem que há dias em que a noite é a minha melhor amiga, após os três rapazes estarem todos sossegadinhos a dormir. Mas vá, por norma, é mesmo o entardecer. Acho que sempre foi. Sempre gostei da luz do final de dia espelhada nas coisas e nas faces das pessoas, nos caminhos. À minha mente vem a praceta onde cresci e os vizinhos a regressarem a casa e as conversas rápidas à porta do prédio. Os finais de dia na escola a jogar ping pong ou à conversa com amigos, debaixo das árvores. O acampamento. A luz sobre os pinheiros, o cheiro a jantar que se espalha devagar, o regresso da piscina ou do campo de futebol, pachorrentamente. A praia, na minha adolescência, quando começava a esvaziar, os jogos de vollei e a travessia do Tejo nos cacilheiros, a sentir o vento na cara e a sonhar com o futuro, qual menina adolescente.
Sim, sempre gostei do entardecer. Há qualquer coisa na sua luz que me encanta. A preparação para a noite, o reunir novamente os que amo em casa, o abrandar. Gosto disso. As crianças em pijama a andar pela casa ou em algum canto a fazer o que mais gostam. Um filho que encarna o Hulk e corre pelo corredor, outro que canta agarrado a um microfone como se não houvesse amanhã ou toca viola e ainda outro que dá toques numa bola no quarto ao som de um cd antigo, que é novo para ele. Os candeeiros que se acendem em casa e na rua, as portadas ainda abertas. O cheiro a comida que vai contagiando a casa devagar. A antecipação boa de estarmos todos juntos ao fim de mais um dia, à volta da mesa e da Palavra.