quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

o nosso croquete faz 11 anos.



A umas horas do mais velho fazer anos, retrocede-se no tempo. Ao tempo em que os filhos ainda não tinham chegado. Esse tempo existiu mesmo?! Sim. E devo dizer que então tudo me parecia mais fácil e airoso. Os dias, as situações. Ser pais traz consigo uma responsabilidade muito peculiar, um cenário de emoções e sentimentos inesgotáveis. Obriga a crescer e a olhar menos para nós próprios. Ou seja, levamos menos tempo a pensar em nós. Dilata os nossos braços. Torna-nos mais hábeis em malabarismos e, ao mesmo tempo, mais vagarosos quando necessário. O tempo passa a ser medido de maneira diferente, num outro ritmo. Aprendemos a deixar algumas coisas, a dizer "não", a priorizar. Também a relaxar e a perceber que nem tudo precisa de ficar feito ontem. Descobrimos que rir é muitas vezes o melhor dos remédios. O outro é orar, em todo o tempo. Leva-nos a olhar para Deus de uma forma renovada. Confronta-nos com o pior de nós, com o nosso pecado. Molda-nos. Creio que a maternidade é o melhor meio que Deus tem usado para me colocar na mira. Vejo os meus defeitos a léguas e sei também que é assim que vai trabalhando e moldando o meu carácter, a cada dia. E deixem-me que lhes diga, Deus tem sido imensamente paciente comigo.
O Samuel nasceu prematuro, dormir era tudo o que sabia fazer. O desafio começou desde início. Acordá-lo para a vida, para mamar. Faze-lo perceber que já não estava no casulo, que o mundo estava à espera! Após uma semana no hospital, saímos finalmente. Nos braços, trouxe um dorminhoco com pouco mais de 2 quilos, que depressa acordou e não quis mais dormir. Longos foram os passeios para o gaiato se manter de olho fechado e não abrir a goela.
Esta noite, o Sammy quase adormeceu com a cabeça no meu colo. O menino que cabia no meu braço, ao qual chamávamos croquete, é agora praticamente da minha altura. Está crescido. E quando a gratidão é tamanha que louvar a Deus parece ainda insuficiente, fica-se em silêncio, sem palavras, em oração.
O desejo é este: que o menino que está crescido continue a crescer para Àquele que o criou e lhe sustém a vida e que essa, seja a sua alegria maior.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

facto

A mentira magoa. E todos os que, de alguma forma, parecem com ela compactuar, também.

quando as árvores dançam

Sou apaixonada por árvores. Desde que me lembro que assim é. Cresci a olhar para elas nas traseiras da casa onde nasci. Passava horas a mirá-las, em silêncio, apenas a observar as folhas a esvoaçarem ao vento, contam os meus pais. Conforme fui crescendo, o salgueiro gigante que via da janela do meu quarto, da escola primária e as árvores da minha praceta eram as minhas preferidas. Também havia os pinheiros e a figueira da Farinha Branca e todas as árvores do meu bairro. Conhecia-as de cor. Brincava, estudava e jogava à bola debaixo delas. As árvores crescem connosco. Ou talvez sejamos nós que crescemos com elas. Em miúda sonhava a olhá-las. Hoje, dizem que sou adulta. Não sei. Continuo a sonhar com elas.
 







domingo, 28 de dezembro de 2014

caminhos.

sair de casa um pouco sem rumo. sair de máquina na mão e caminhar. beber do dia que vai desfalecendo nas paredes das casas. abraçar a luz que desmaia nas folhas das árvores. admirar o céu tão maior do que todos os meus pensamentos juntos. entregar tudo a Quem sabe e continuar a caminhar.
 








encontrar árvores

andar, andar e andar. parar e continuar a andar.
 






sábado, 27 de dezembro de 2014

antes, durante, depois.


dias cheios seguidos de outros mais pachorrentos.
antes do Natal foram horas a fazer bolachas para dar a vizinhos e amigos ou a escolher ou procurar aquela prenda que julgamos especial. feita com as próprias mãos ou comprada, o mesmo amor colocado.
a caminhada do advento, lembrando que Deus faz tudo perfeito. mãos pequenas e ouvidos atentos à história mais bela de todas. corações gratos que oram para que outros tantos se maravilhem sempre com o facto de Deus ter nascido como um bebé, entre nós, no meio da palha.
os clássicos de Natal vistos em família. filhos que sussurram e preparam presentes, entre sorrisos cúmplices e olhos brilhantes.
os hinos cantados na consoada e os slides que recordam tempos idos, com o mano e cunhada do outro lado do Atlântico. a Bíblia lida à volta da mesa. a simplicidade de uma sala onde a única luz é a de uma árvore de natal. uma vela acesa na escuridão. começar a manhã de natal na igreja, louvando o Deus que salva e lendo a Palavra viva. sentir a ternura multiplicada nos abraços distribuídos aos sobrinhos. as gargalhadas durante os jogos de mesa no dia de natal. os sonhos de abóbora que lembram a avó e são mastigados devagar. os amigos que ligam para ouvir a nossa voz, os que aparecem e os que nos chamam, porque nos querem perto. as noites com amigos que esticam e esticam...
uma árvore quase despida olhada através da janela. uma lareira que arde. um livro e uma caneca de chá quente. um relógio que pulsa devagar.